quinta-feira, 10 de abril de 2014

O negro no contexto sócio-cultural do Rio de Janeiro (1870-1920) - A questão das migrações

A história do Negro no Brasil inicia-se quase que simultaneamente ao descobrimento deste país. Já nas primeiras décadas do século XVI, os negros escravizados no continente africano eram trazidos para o ciclo econômico da cana-de-açúcar. “A partir de 1549, intensificou-se o tráfico negreiro para estas regiões, principalmente em razão dessa florescente cultura agrícola. Em 1559, o tráfico foi legalizado por iniciativa de um decreto do rei D. Sebastião, pelo qual ficava autorizada a captura de negros na África para o trabalho em território brasileiro[1]".

Segundo Helio Santos, do total de 14 milhões de africanos escravizados, o Brasil foi o que mais importou, trazendo para cá cerca de 4 milhões. É claro que esse número muito se amplia quando somado aos nascidos das escravas em terras brasileiras. (Santos: 2001, p. 65). 

O deslocamento de grande contingente de negros acompanhou as mudanças dos ciclos econômicos. Primeiro, no século XVI com a lavoura da cana-de-açúcar, no nordeste, depois, já no século XVIII, com o ciclo do ouro, na Região das Minas e finalmente, com o período do café, no século XIX, no sudeste do país, sobretudo na região do Vale do Paraíba. (Lopes: 1992, p. XIII)

Na segunda metade do século XIX, vários fatores como a crise do café, a partir de 1860, a grande seca do sertão nordestino nos anos de 1877 a 1879, a abolição do trabalho escravo em 1888 e o término a Guerra de Canudos em 1897 contribuíram para que um grande número de negros e mestiços migrasse para as metrópoles, principalmente, a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império e da República que estava por vir, em busca de trabalho e de sobrevivência. Além disso, “entre 1871 e 1920, o Brasil recebeu 3,3 milhões de imigrantes, provenientes da Alemanha, Itália, Portugal, Ucrânia e Polônia[2]", para substituir a mão-de-obra escrava, e também para, segundo uma política “racista” do governo do país e de grande parte das elites, embranquecerem a população.

(Continua...)
................................................


LOPES, Nei. Introdução. In: O negro no Rio de Janeiro e sua tradição musical: partido alto, calango, chula e outras cantorias. Rio de Janeiro: Pallas, 1992.

SANTOS, Helio. A busca de um caminho para o Brasil – A trilha do círculo vicioso. São Paulo: Editora SENAC, 2001

[1] Disponível em : http://ww1.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=2852 

[2] Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-da- populacao-brasileira/brasil-um-pais-de-migrantes.php

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário