domingo, 9 de fevereiro de 2014

Cupido, o enamorado deus do amor

Cupido e Psiquê
(Antonio Canova - 1757-1822)
Numa certa manhã Cupido acordou especialmente alegre. Não que não fosse um deus feliz, mas naquele dia parecia que pressentia o que estava por ocorrer. Apesar de sua função ser a divina tarefa de enamorar os pobres mortais e deuses também, tornando tudo mais romântico, ele mesmo nunca havia experimentado o amor. Ele era o próprio. Dele saíam as flechas viscerais que faziam do mundo um mundo romântico possível. 

Já à mesa do desjejum, sua mãe Vênus lhe confiou uma tarefa das mais importantes. Teria que flechar alguém especial. _Ótimo! - Pensou ele, cheio de disposição. _Adoro flechar!

Voltemos um pouco na história para entendermos o que estava para acontecer. 

Vênus, a deusa da beleza e do amor, estava muito furiosa com um acontecimento (sim, porque os deuses da mitologia greco-romana eram tão suscetíveis quanto os mortais). Havia uma princesa, uma bela jovem chamada Psiquê que de tão bela estava “roubando” os admiradores de seus templos que passavam a adorar a jovem moça. Como uma jovem e reles mortal poderia suplantar em beleza e adoração uma deusa? Preocupada, Vênus ordenou a seu filho que este atingisse Psiquê, fazendo assim com que ela se apaixonasse pelo ser mais horrendo do planeta, por um verdadeiro mostro. Cupido não querendo contrariá-la, concordou com a missão. Naquele mesmo dia, à noite, o deus alado do amor adentrou-se pela janela da princesa e bem devagar, sem fazer ruídos, aproximou-se de seu leito e pôde perceber a imensa beleza da qual resultava toda a indignação de sua mãe. Neste momento, atrapalhado por tal beleza, arranha-se com a ponta de uma de suas setas e torna-se perdidamente apaixonado pela moça. Desde então, fagulhas escondidas em seu próprio interior teimaram em ardê-lo com a chama do amor.

É a vingança do amor. O feitiço virando-se contra o feiticeiro! Cupido merece!(*)

                                                            
                                              Assis Furriel


Texto inspirado em “Cupido Enamorado”, poesia de Eliana Pichinine, in: http://versoseanversosfotogenicos.blogspot.com.br/2010/12/cupido-enamorado-flechada-visceral.html

(*) comentário feito no blog da autora.

Um pouco mais do mito: In: http://www.starnews2001.com.br/cupido/cupid_story.html

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4 comentários:

  1. Assis,

    Adorei. Parabéns pelo envolvente texto. Estava inspirado!!! Adoro esta parceira .

    Grande beijo!

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    1. Obrigado, Eliana.

      Alguns de seus poemas bem dariam ótimos contos. Algumas vezes sou tentado a escrever alguns, como nos caso deste e também do "Pitagoreando". Mas, diria que ainda há alguns que estou de olho. Na verdade são temas, ideias, como aqueles exercícios de poesia que iniciamos e até demos um tempo. Deveríamos retomar.

      Que bom que gostou. Até o próximo!

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  2. Então, Assis, eu havia postado um comentário jocoso, diria até que um tanto rasteiro, acerca de seu excelente texto, o que é uma redundância assinalar.
    Dizia que nunca havia pensado na perspectiva do próprio cupido, isto é, se autoflechando, provando do próprio veneno.
    A grosseria talvez tenha sido o comentário meu dando conta de que tanto melhor para ele que foi com uma gata, no que é mais fácil se apaixonar, flechado ou não. Pior seria se fosse um tribufu, um canhão de Navarone. Aí seria uma maldição dos infernos dantescos.
    Abs
    Rogério

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    1. É verdade Rogerio!

      Mas você acha que o próprio deus do amor daria um mole desse. Ele, mais do que ninguém, sabe o que é bom. O fato é que por sua missão ele só fazia com que os outros se apaixonassem. Porém, com o feitiço virando-se contra ele próprio, a escolha não poderia ser diferente. É a lei do oeste, ou melhor, a lei do Olimpo!

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