O historiador é um fingidor (Eu sou)
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é história
A história que deveras mente (Eu minto)
Por Assis Furriel
Paródia do poema “Autopsicografia” de Fernando Pessoa
(Uma provocação e uma proposta de reflexão sobre a missão do historiador junto ao seu objeto de estudo)
Assis,
ResponderExcluirQuando termimei a dissertação de mestrado, fiquei com a sensação de que as verdades
estavam cada vez mais distantes...
Diante disso, resolvi fazer uma dedicatória com um poema de Carlos Drummond de Andrade. Certamente na Banca Examinadora tiveram questionadores, porém, não me arrrependo até hoje. Agradeço a graça da dúvida para que as temporárias certezas possam florescer em meus caminhos escolhidos....
Gostei do poema com jeito de desabafo e sinceridade.
bjs!
Eliana
Eis o texto:
A verdade dividida
A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
CDA
Eliana,
ResponderExcluirvaleu pela contribuição. Drummond é essencial. É isso, as meias verdades sempre se impõem de algum modo.
Alguns historiadores, por suas vaidades, se arvoram defensores de uma verdade histórica absoluta que não existe ou se existe, nem tem tanta graça. Em geral, são pessoas chatas, sem graça, sem poesia...
Bjs e até breve!
Até porque não existem verdades absolutas. Verdade?
ResponderExcluirÉ verdade, Sõnia. Obrigado pela participação!
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