sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Uma trágica alegoria

     No início eram os coxinhas, esse delicioso petisco apreciado nas mesas das classes medianas. Longe de serem mortadelas, ainda que fossem especialmente defumadas e da Sadia, essa marca tão querida pelos medíocres. 
     Traziam no peito um orgulho não sei do quê, mas eram cheios dele. Talvez, no fundo, ainda inconsciente, guardavam um desejo ainda maior e mais trágico que seus recheios, aparentemente, não revelavam. 

      Porém, com o tempo, aliás, muito pouco tempo, sofreram uma metamorfose à la Kafka e foram se transformando em um personagem das histórias mais nítidas de submissão, os minions. Passaram a ter um prefixo no nome no qual identificava-se o mestre ao qual seguiam e serviam. 

     Essa involução se deu de modo extremamente agressivo e rápido e quando muitos não esperavam já não tinham mais razão e nem consciência do que de fato eram. 

     Hoje são vistos em pastos urbanos e rurais como gados, tresloucados, alucinados, mugindo algo que com muito esforço entendemos: E o PT? E o PT? E o PT?...