Dizem que num carnaval distante, lá pelos lados da Grécia antiga, três amigos queridos resolveram cair na folia. Hipotenusa e catetos, ligados desde sua criação por antigo filósofo matemático, largaram mão do triângulo quadrado que formavam e saíram a cantar e a dançar, alegres e saltitantes em busca de novas sensações.
Os catetos (apaixonados que eram pela musa) resolveram lutar, cada qual, pelo amor impossível. Ambos, de características distintas (um era tímido e romântico, o outro, malandro e esperto), viam na indecisão da amada um grande desafio a vencer. Hipotenusa não sabia qual escolher. Acostumada aos dois, sempre ligados, cada qual por uma das mãos, só pensava em brincar a festa.
A paixão - ainda não platônica, pois eram tempos mais antigos - logo se mostrou impossível. Como poderiam abrir mão da missão que lhes foi confiada? Em pouco tempo, um grande alvoroço por parte dos cidadãos revelou o escândalo que ganhou mundo. Depois de tanto tentarem, perceberam que o destino os uniu num triângulo retângulo amoroso, sem o qual a trigonometria não seria possível. O meio científico, desde então, disposto a poupá-los da vergonha romântica, definiu-os, elevando-os ao quadrado, por c² = a²+b². A bela seria, então, igual à soma dos dois pretendentes.
Contam que séculos mais tarde, no início da era moderna, foram vistos nos bailes carnavalescos da commedia dell’arte tentando novamente uma definição para aquele imbróglio. Para fugirem dos olhares críticos da sociedade, esconderam-se por trás de máscaras, sob os pseudônimos Colombina, Arlequim e Pierrot.
Assim, são vistos até hoje nos dias de Momo!
Por Assis Furriel
Inspirado no poema de Eliana Pichinine:
Assis,
ResponderExcluirQuanto talento!
Estou maravilhada com o texto. Você complementou o pequeno poema "Pitagoreando" com maestria.
O contexto do cenário histórico está encantador.
Viva Pitágoras!
Viva!
ResponderExcluirObrigado, Eliana pelas palavras de carinho.
Sabe que eu penso que quando um tema é bom e instigante, pode-se fazer muita coisa boa com ele, esgotá-lo em todas ou quase todas as possibilidades. Isso é bom, pois nos fortalece no assunto.
Bjs!
Adorei e fiz um comentário no blog da Eliana já que só compreendi de fato o poema dela depois de ler o seu texto e descobrir que ambos (o poema e o texto) foram em parte resultado de um diálogo pretérito.
ResponderExcluirParabéns pela escrita e pela cultura histórica que despretensiosamente(digo isso porque me parece que não é a ela que o texto se prende, mas a uma reflexão de caráter mais filosófico, metafísico até, eu diria, tal como o poema da Lili)seu texto nos oferece.
Forte abraço,
Diana
Obrigado, Diana!
ResponderExcluirMuito bom saber que gostou do texto, assim como do blog. É verdade! A questão histórica é apenas um pano de fundo para ideias mais livres.
Tenho tido momentos muito prazerosos, escrevendo neste espaço. E o melhor são os comentários inteligentes que acabam por gerar novas postagens e por aí vai...
Essa história de Pitágoras começou por um comentário meu sobre o texto "A poesia e o universo feminino", publicado aqui em Dezembro passado, que por sua vez, analisava o poema "Nas ruas" de Eliana e a música "Entre a sola e o salto" do Gilbero Gil. O poema "Pitagoreando" foi um desses comentários feitos por Eliana e que me inspirou na alegoria.
Esse exercício é muito bom!!!
Valeu, mais uma vez
e volte sempre! Bjs.
Você é um grande contador de estórias e adorei essa daí. Mais uma prova de que arte e ciência andam de mãos dadas. Abs.
ResponderExcluirValeu, Ricardo!
ResponderExcluirQue bom que gostou.
Nós, por aqui, "vamos vendo" sempre o seu blog.
Gostei do Gandelman. Ele é fera! Um dos melhores! Parabéns tb!
abração!
Assis,
ResponderExcluirAcho que a Diana falou e disse.Assim como você,é claro.O que eu vou dizer acredito que não seja compartilhado por muitas pessoas,na verdade,acho que é uma visão muito subjetiva,mas pra mim, um texto quando é bem estudado,refletido,analisado,dissecado, (reconheço que não é o objetivo do autor,mas do leitor)termina por apresentar tantos mil e outros mil meta/textos que a autoria ordinária parece não ser a desencadeadora das criações seguintes.Isso é o "bacana" na produção artística;o eterno produzir-se,desdobrar-se, sem desvendar-se por inteiro,possibilitando inesgotáveis leituras.Bacana,Assis, o seu estudo e a trama poética da Eliana! Adoro os dois em suas aventuras linguísticas!!! Beijo os dois! Cida
Cida,
ResponderExcluirtudo isso que você disse é a mais pura verdade.
Obrigado por estar sempre por perto!
Bjs!
Obrigada, Cida! Adoro a sua companhia também!!!
ResponderExcluirAssis,
ResponderExcluirGostei tanto que estou lendo de novo.Muito legalzinho mesmo!!!!!! Bjs Cida
Você é demais, Cida!
ResponderExcluirPode ler quanto quiser. É uma honra a sua visita.
Beijos!
Lembrei logo do Manifesto Antropofágico, nesse caso ainda misturando ciência ao assunto. Tenho estudado na pós sobre hibridismo e seu texto foi me ilustrando isso. É adaptar algo do outro, que nem é bem do outro, que não se tem bem uma origem, mas que se reinventa sempre com as questões do passado e as necessidades do presente, tornando o futuro aberto e assim disposto, num movimento descontínuo(idéias de H. Bhabha). Adorei mesmo seu texto, tanto da apropriação, digestão e resultado final. Parabéns! Vc sempre dando orgulho!
ResponderExcluirObrigado, Katia,
ResponderExcluirpelo carinho de sempre.
É sempre bom escrever e receber comentários delicados e competentes como esses que recebo aqui no blog. Tenho aguardado mais palavras brotarem lá no seu tb!
Bjs!
E quantas colombinas com seus arlequins e pierrots tentam, até os dias atuais, encontrar o raciocínio lógico para essa revolução interior focada na indecisão!... Misturam-se os sentimentos por entre confetes e serpentinas, e escondidos sob "máscaras vienenses" dizendo-se amor, estando-se ou não, em época carnavalesca... A paixão efusiva que é, inebria e confunde... Entretanto, qual reles mortal teria a chave do mistério a desvendar? Nem os filósofos, nem os deuses se atreveriam... Talvez sómente o tempo fosse hábil em resolver a questão. Julgar? Não nos cabe. Cabe-nos sim, sentirmo-nos maravilhados diante da sua capacidade, meu menino, de reinventar histórias com tamanha maestria, ao ponto de nos fazer sonhar, viajando pelas asas da sua imaginação, pois qual de nós um dia, não foi cateto ou hipotenusa nesta vida?... Beijo grande no seu coração!!! DEISE CORDEIRO CANDREVA
ResponderExcluirObrigado, Deise pela análise bacana, pela reflexão e pelo elogio.
ResponderExcluirVocê é muito generosa e amiga!
Bjs
Tio, simplesmente. Lindo. Bjuuusss Vou visitar mais vezes seu blog. bjuuus
ResponderExcluirOi Dani,
ResponderExcluirque bom que gostou. Viu como é possível que a matemática seja interessante. Sei que você não precisa que a matéria tenha mais atratativos. Você a ama por si só, mas para nós, simples mortais, que não a entendemos, essas licenças poéticas caem como uma luva. Folosofia, história, matemática e literatura tudo junto possibilitando outros entendimentos.
Apareça sempre!
Bjs
Delicioso o seu conto, parabéns, Assis Furriel!
ResponderExcluirMuito criativo!
Obrigado, Nazaré!
ExcluirFico muito contente por ter gostado.
Gostei muito também dos seus textos, tanto que seu blog já está na lista dos mues links aí do lado. Apareça sempre!
Abr!
Oi, meu irmão,
ResponderExcluiradorei seu texto. Como apreciador das artes e como matemático. Vou usar nas minhas aulas.
Abração,
Marcos
Valeu, Marcos!
ExcluirObrigado por seu carinho. Foi demais sua visita aqui e lá em casa. E o show do Dudu nem se fale. Volte mais vezes. Aqui e lá!
Abraço
Oi amigo querido,
ResponderExcluirconcordo plenamente com Ricardo Campos: "Você é um grande contador de estórias." Porém, tua imensa sensibilidade e talento me trazem sempre belas surpresas e muitas vezes me comovem!! Maravilhoso trabalho na bela inspiração do poema "Pitagoreando"da Eliana!! Parabéns sempre!!!
Abraços
Deise,
Excluircomo eu estava ansioso por sua visita e pelo seu comentário para esse texto. Pois, como conversamos sobre ele queria que o conhecesse. Ainda bem que veio, leu e gostou. Obrigado pelo apoio e pelo carinho.
Agora, fiquei curioso para saber pelo menos de uma surpresa comovente. rsrs...
Volte sempre, minha amiga.
Adorei o texto, meu amigo. Uma viagem e tanto. Muito criativo e bem escrito. Parabéns!
ResponderExcluirOlá Rogério,
ResponderExcluirQue bom que leu o texto. Pensei até que já tivesse lido anteriormente.
Gosto muito de seus pareceres, por seu conhecimento e por sua generosidade. Abração, meu amigo.