segunda-feira, 18 de abril de 2011

Quero os chinelos

Quero os chinelos
Sim! Quero o justo descanso dos que laboram

Quero o verão, a praia, o sol e o calor
As cores ou o gris do preto e do branco

Quero o andar quase descalço dos chinelos
A borracha, o couro ou a palha de que são feitos

Quero o coração de Cecília: a chinela do Machado*, o sonho salvando a realidade
Quero a literatura numa rede com eles nos pés

A não preocupação com saltos
Sem pedras ou buracos

Quero o chinelinho** dos atletas preguiçosos
O não querer, o ócio, a vadiagem em sua companhia

Quero o conforto, a elegância que outrora fora vergonha
Coisa de pobre na favela, coisa de bacana na noite!

                                                                                
                                                                              16/04/11


*   Do conto “A chinela turca” de Machado de Assis.
**  Jargão futebolístico: refere-se aos jogadores que ficam muito tempo no departamento médico, de molho, sem usarem as chuteiras por estarem contundidos.

16 comentários:

  1. Oi Assis!
    Esta é a minha terceira tentativa de postar o comentário.
    Vamos lá: Este poema ficou muito bom. Ele tem um "ar" de leveza, descanso...Fiquei até com vontade de comprar uma rede.

    Parabéns!

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  2. Obrigado, Eliana!

    É o resultado de uma proposta de tema sugerido por você. É bom tb quando temos uma encomenda.

    Agora, eu sugiro a você o seguinte tema: edifício.

    Abs.

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  3. Assis,

    Eu ia comentar: que belo chinelo feito por encomenda. Mas como toda hora dava problema para postar, acabei esquecendo.

    Ainda tenho planos de escrever sobre os chinelos, mas o poema ainda está inacabado.
    Vou aceitar a proposta de hoje, só não sei quando será a entrega. Pode ser?

    Beijos!

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  4. Assis,
    Que chinelos carinhosos e poéticos percorrendo a trilha que você desenha no imaginário do querer!Você à frente,eles fiéis seguidores...
    O que vejo no seu caminho andado,é que seus pés descalços já não precisam de limites de orientação;querem,sonham,driblam e propõem um estilo envolvente e sensível de um "simples estar no mundo".
    Siga,Assis,querendo o par de chinelos,com a mais pura fantasia do seu poema,pois o desejo está sempre além do que se tem.
    Um beijo,menino e amigo querido,com a emoção de quem ainda nem sente os pés no chão.
    Adorei seus versos em andar tão ritmado!

    Cida

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  5. Eliana,

    aguardo inquieto os chinelos pichinine, afinal foi vc quem sugeriu o tema. Quanto ao prédio a ser construído, edifique-o como e quando quiser. Que seja ao seu tempo. Vc manda!

    Fico no aguardo, Bjs.

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  6. Cida,

    obrigado pelas palavras queridas.

    Como fazemos Eliana e eu, sugiro um tema pra vc matutar e escrever. Lembrando de seu querido instrumento musical, escreva algo sobre: Fole.

    Que tal o desafio?

    Aguardo resposta, bjs.

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  7. Assis,

    Desafio aceito e já cumprido.Não sei se a contento.... Beijos da Cida.

    21/04/2011

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  8. Assis,

    Vejo que seu blog está cada vez melhor e vc publicando lindos poemas. Esse dos chinelos é muito gostoso. É bom calça-los ao menos de vez em quando. Abraço.

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  9. Olá Ricardo.

    Obrigado pelas palavras. Este poema foi uma sugestão da Eliana. Ela deve escrever tb sobre este tema. É uma espécie de exercício de escrever sob encomenda.

    Quero te falar da Cida, uma outra amiga querida que criou tb seu blog de poesias. Muito bom! Faça uma visita no "Vendo versos de graça", aí nos links ao lado. Vc vai gostar.

    grande abraço!

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  10. Ameeeei! Demais esse poema! Dá pra sentir o descanso ao usar os chinelos, principalmente depois de um dia inteiro de salto alto e de ter andado muuuito! Seus textos, assim como o da Eliana e Cida têm essa capacidade de mexer com a gente, não consigo ler por ler, sempre trazem sensações gostosas ou pensamentos que voam por ai. Adorei mesmo!

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  11. Katia,

    como disse acima, o tema foi sugestão da Eliana, um exercício de encomenda.

    Que tal falar tb sobre um. Sugiro que fale sobre "pontualidade"! Topas?

    Obrigado pelas palavras, como sempre, generosas.

    Francisco

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  12. Topo! Desafio sempre é bem vindo! rs Beijinhos

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  13. Assis,
    Seu poema tem o poder de nos transportar...
    Nada mais leve e descansado que bons chinelos ao calor do sol, às cores do dia, às coisas simples que temos e a natureza nos oferece, nos falta apenas o tempo de curtir. E esse tempo de curtir cada vez mai raro, nessa loucura do dia-a-dia, arrastado por essa rede de atividades esquizofrênicas que nos retiram do eixo humano, da nossa natureza que é o Ócio.
    O seu poema me remeteu a Caymmi, à “Tarde em Itapoã”, ao merecido ócio que faz parte de nossa natureza de índio, da nossa brasilidade que tanto tentamos esquecer ou renegar. Somos esse índio, esse negro, esse português e acima de tudo essa mistura morena maravilhosa e criativa pelo ócio - uma pequena referência a Domenico De Masi em seu livro “O ócio criativo”.
    Fiz este poema por isso...

    HOJE NÃO!

    Hoje não vou querer fazer nada mais
    Quero chegar em casa
    beijar meus amores
    retirar minhas roupas
    todas, por dentro e por fora
    me ver nu
    me reconhecer e saber se sou eu mesmo – porque às vezes me esqueço no trabalho...
    colocar aquela camisa furada, que é quase minha pele...
    beber um copo d’água pura
    calçar meus chinelos...
    e não pensar em nada, nada, nada mais...

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  14. Que barato, Nelson!

    É isso aí! Falou tudo. Sua poesia é muito boa e a referência a Domenico de Masi tem tudo a ver! Domenico ouviu Dorival, com certeza!!!

    Grande abraço e obrigado pela participação!

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  15. Respostas
    1. Grande Januário Garcia!

      Que bom tê-lo por aqui. É um grande prazer a sua visita. Que bom que gostou!

      Abração

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