terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Amor Amigo


 
O que eu vou dizer, você nunca ouviu de mim
Pois minha timidez não me deixou falar por muito tempo
Para mim você é a luz que revela os poemas que fiz
Me ensina a viver, me ensina a amar
Quem conhece da terra e do sol
Muito sabe os mistérios do mar

O que eu vou dizer, você nunca ouviu de mim
Pois quieto que sou só sabia sangrar, sangrar cantando
Quantas vezes eu quis me abrir
E beijar e abraçar com paixão
Mas as palavras que devia usar fugiam de mim
Recolhidas na minha prisão

Mas o que eu vou dizer, você nunca ouviu de mim
Pois minha solidão foi não falar, mostrar vivendo.
Quantas vezes eu quis me abrir
e as portas do meu coração sempre pediam
Seu amor é meu sol
E sem ele eu não saberia viver

(Milton Nascimento e Fernando Brant - Do disco Caçador de mim de 1981)

4 comentários:

  1. Assis,

    Essa letra me fez pensar em muitas vozes que ficaram caladas.
    Quando eu era criança e a turma fazia muita bagunça, as professoras impunham aos alunos (mesmos os tímidos e que nada faziam de errado) a mesma tarefa: escrever mais de 50 vezes uma mesma frase, sempre relacionada ao comportamento dos alunos.

    Graças à minha timidez, as vozes de questionamento ficaram "Recolhidas na minha prisão". "Pois minha timidez não me deixou falar por muito tempo".

    Não (re)nego a timidez, mas atualmente tento deixá-la menos atuante.

    bjs!

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  2. Eliana,

    este é um esforço que deve ser constante. A timidez, assim como a modéstia não podem servir de impedimento à necessidade de expressão, tão natural ao homem. São sentimentos até de certo modo nobres, porém quando em excesso causam sérios danos.

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  3. Tb me esforço diariamente. A timidez muitas vezes atrapalha os relacionamentos, pois, com ela, dificultamos o encontro de novas amizades, não mostramos muito do que temos e passamos em nosso interior, do nosso "infinito particular", e também deixamos de descobrir o mundo que há dentro das pessoas.

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  4. Oi Katia,

    que bom que apareceu.

    Conheço pessoas que são verdadeiros artistas e que se anulam por causa da timidez, "recolhidas nas próprias prisões". E assim, a vida passa e aquele talento fica restrito ao conhecimento de poucos ou de quase ninguém.

    No amor, cujo tema é a inspiração dos compositores acima, também é assim, sofre-se calado um amor platõnico que nunca poderá se revelar.

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