quarta-feira, 1 de abril de 2015

Deus perdoa?

Foto: Rita Sales Lopes
Acredito que essa resposta possa estar contida na afirmação de Paulo de Tarso que disse: “Perdoai, pois, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe...”. Essa frase se encontra no capítulo X de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", item 15. Ora, se a condição do perdão de Deus se baseia na ação do perdão que pratico, logo, perdoar é perdoar-se a si próprio. 
Na questão 621 de "O Livro dos Espíritos", Kardec pergunta aos Espíritos Superiores: “Onde está escrita a lei de Deus?” e estes respondem: “Na consciência”. 

Muitas vezes, ainda que esquecidos dessa verdade, somos, intuitivamente, levados a crer na existência de Deus e na sua Justiça. Deus não deve se ocupar de tratar dos juízos de todas as suas criaturas, pois para este fim, deixou a nosso próprio encargo o livre discernimento do bem e do mal viver. Temos, portanto (uns mais, outros menos), a noção dessas leis que regem as relações humanas, quer sejam no plano físico ou no plano invisível.

Deus perdoa através de suas leis que, escritas em nossas consciências, impõem-se a partir de nós mesmos.


Obs.: Essa questão "Deus Perdoa?" me foi feita pelo Serginho Antinareli como um exercício filosófico doutrinário. Foi muito bom esse exercício!


Saúde e Paz!


10 comentários:

  1. Acredito que seja por aí mesmo. Quando perdoamos entendemos o arrependimento ou a ingenuidade do outro ou mesmo da nossa, por isso, nesse exercício somos perdoados. Mas, vou lhe lançar outra pergunta, qual é o mais difícil o perdão dos homens ou do divino?
    Beijocas e saudades

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    1. Ainda em tempo rsrs lembrei daquela parte que Jesus é crucificado e pede que Deus venha a perdoar os homens porque eles não sabem o que fazem, não possuem (total) consciência e isso tem a ver com o que eu queria falar sobre a ingenuidade.

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    2. Olá Katia,

      Primeiramente, que bom tê-la de volta ao meu blog. Preciso explicar que este é um artigo espírita, porque sou espírita, obviamente. Durante esses mais de 4 anos não quis escrever nada de caráter filosófico-religioso, porque não queria misturar as bolas. Mas, somos um conjunto de coisas que forma o nosso modo de pensar as pessoas, o mundo e nós mesmos. E até porque os artigos são independentes, cada um que leia o que mais lhe convir. Por isso, senti necessidade de postar meus pensamentos a esse respeito. Que bom que você se interessou.

      Vamos então às questões: uma única resposta responde às duas. Quando digo que as leis divinas estão gravadas na consciência do homem (digo, os Espíritos Superiores que responderam isso à Kardec), falo da chave da questão. Quando falo que uns mais ou menos têm consciência disso, também faço uma menção a uma relatividade quanto a culpabilidade pelas nossas faltas. Se não tenho tanta consciência e peco, tenho minha falta de certo modo atenuada pela justiça divina. Se tenho consciência delas, porque estão dentro de mim mesmo gravadas, e ainda assim pratico o mal, vou ser cobrado por esse tribunal.

      Mas não existe tribunal algum em nenhum ponto específico no mundo espiritual, a não ser dentro de nós mesmos. Por isso é tão difícil fugir dos reflexos do mal causado. Nós nos cobramos e nos julgamos aqui ainda e também do outro lado da vida.

      Quando Jesus fala na cruz a frase que você mencionou é exatamente por isso. Eles não sabem o que fazem, por isso merecem o perdão. Mas veja bem, o perdão não significa a isenção da correção. Como muitos dizem brincando (e com muita verdade pra nós reencarnacionistas), muitos de nós atiramos pedras na cruz e desde então estamos pagando a falta em suaves prestações, a cada encarnação. Nada de fogo eterno ou mesmo purgatório. O negócio é suor, trabalho no bem, reconhecimento da falta e correção. A vida deve continuar no caminho do bem e da paz! É assim que quer o Pai , como disse Jesus.

      O perdão do homem e o divino, tecnicamente falando, como diz o artigo é o mesmo. Visto de um modo materialista. O do homem é mais difícil porque somos ainda muito imperfeitos. A medida que vamos adquirindo conhecimento, entendimento dessa lei de Deus, perdoamos com mais facilidade. Aquele que não perdoa, não esquece e continua sofrendo. O que que se arrepende, pede o perdão e segue adiante (perdoado ou não ele fez a sua parte). Vai pagar, porque toda ação gera uma reação. É da lei. Mas, se liberta de uma culpa que só o prejudica e o atrasa. Como disse, a vida segue sempre em frente de acordo com a vontade do Pai e não dos homens, ainda que não nos pareça tão claro.

      Desculpe pela resposta longa. Bjs.

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  2. Entendi. É que eu ainda estava impregnada pela ideia da separação de homem e divino. Agora entendi melhor a mistura dos dois, do divino dentro da gente, na nossa consciência. Também acredito nisso, porque nossa consciência é algo interessante: o peso que damos a certos coisas, as doenças que criamos e por aí vai... É bem complexo pensar nessas coisas, mas é muito esclarecedor. Há alguns meses eu tive que praticar esse tipo de perdão de algo que me fez muito mal. Tem horas que me surpreendo com a minha disponibilidade em perdoar, que foi muito rápida, mas o que me moveu foi isso, de me libertar do mal que aquele não-perdão me causaria. Assim como também escolhi antes não ser atingida pelo mal que me fizeram (mal feito em palavras), pois, inicialmente, quase fiquei doente e foi um grande desafio em minha vida. Graças a Deus consegui e vejo como o perdão alivia. Independente do que causa ao outro, dentro de nós ele tem talvez uma "concretude" mais intensa, ou sei lá, talvez pelo fato de ser nossa perspectiva. Não sei se fui clara rs, mas seu texto me ajudou bastante. Obrigada! Seu texto foi como a caridade que tentei comentar no seu outro texto.
    Bjo

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    1. Bacana quando uma reflexão faz sentido pela experiência, porque sempre é muito mais fácil o seu entendimento. Que bom que você tem essa facilidade, porque apesar de ter escrito e acreditar, não acho que seja fácil, muito pelo contrário. Mas, deve ser um exercício sempre buscado por nós. Bjs e obrigado pelo debate. Saudades também. Precisamos nos rever.

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  3. Não é fácil mesmo e a busca tem que ser constante, até em casos aparentemente já perdoados...

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  4. Assim como devemos amar o próximo como a nós mesmos, devemos antes de qualquer tentativa de perdoar alguém exercitarmos o auto perdão. Quem não perdoa a si mesmo não vai perdoar mais ninguém. Quando nos perdoamos reconhecemos antes de tudo que somos falíveis e assim sendo compreenderemos que o outro também tem seus motivos para errar. Importante não é perdoar é simplesmente não se sentir ofendido. Saudade. Bjs.

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    1. É isso aí. É disso que o texto nos fala. Obrigado pela presença. Bj.

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  5. O que é mais difícil perdoar ou pedir perdão... saudades, bjs.

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    1. Realmente não sei a resposta. Os dois são bem difíceis, pois ainda somos muito imperfeitos. Porém, como disse nosso querido Francisco, "é perdoando que se é perdoado". Portanto, pelo menos o primeiro na sequência seria perdoar.

      Bj.

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