quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Canção do exílio

Minha terra tem macieiras da Califórnia
Onde cantam gaturamos de Veneza
Os poetas da minha terra
São pretos que vivem em torres de ametista,
Os sargentos do exército são monistas, cubistas,
Os filósofos são polacos vendendo à prestações.
A gente não pode dormir
Com os oradores e os pernilongos
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
Em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas são mais gostosas
Mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
E ouvir um sabiá com certidão de idade !


                                                                 Murilo Mendes


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4 comentários:

  1. Você conhece o monologo de segismundo? Abs

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  2. Não! Não conheço.

    É do Murilo Mendes?

    Abs!

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  3. Chico, desculpe o mau jeito de avisar por aqui, mas é que você havia sugerido a Querelas do Brasil para análise lá no Sobre a Canção, e eu botei na rua ontem. Então, se interessar, está às ordens. Abração.Chico, desculpe o mau jeito de avisar por aqui, mas é que você havia sugerido a Querelas do Brasil para análise lá no Sobre a Canção, e eu botei na rua ontem. Então, se interessar, está às ordens. Abração.

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