quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Dois anos de Blog do Chico


Enfim, dois anos desde a primeira postagem de Eu e o meu nome, na qual inaugurei este espaço, explicando o porque do meu nome. _Afinal, sou Chico, sou Francisco, sou Assis? Devo dizer que quando criança, até eu me confundia com essa questão.

Tenho tido uma grande alegria por trocar ideias com amigos e com pessoas que chegaram, gostaram e a partir daí se tornaram também amigas, ainda que quase sempre virtuais. Desses tantos amigos pude aproveitar tantas outras ideias, desafios, inspirações etc. Pessoas que ao entrarem no blog deixaram suas impressões e as quais pude descobrir seus talentos também. Essa troca faz muito bem e legitima qualquer tentativa de expressão.

Essa liberdade de escrever sem a pretensão de qualquer erudição besta, mas de expressar o melhor de nós é o que importa. A poesia, a música, a literatura, a história, a crônica etc. estão aqui nas quase 500 postagens, visualizadas nas mais de 21.500 visitas, divididas pelo público de quase todos os continentes. Entre as dez publicações mais visitadas estão O bonde da história, Fahrenheit 9/11: uma resenha do filme de Michael MooreA intertextualidade na obra de Caetano Veloso,  Triângulo amoroso - uma alegoria antiga de caranaval. Só para citar os meus favoritos, sem contar outros que gosto bastante, mas não estão na lista dos dez mais.

É verdade que de vez em quando bate uma preguiça de escrever e acabo por não postar nada. No início tentava cobrir a moleza com alguma postagem aleatória, mas depois vi que essa prática não deve ser obrigatória e sim prazerosa. Um artigo ou uma postagem qualquer precisa dizer a o que veio. Precisa ter sentido, fazer alguma diferença pra quem lê e, obviamente, pra quem publica.

Estamos aí, agradecendo a todos que tem feito a diferença na rede; a todos que são a razão do meu interesse em manter esse espaço. Eu costumo dizer aos amigos que o artista, de um modo geral, só o é pelo público que o aplaude ou mesmo que o critica. Pois ninguém vive só pra si. Vivemos para trocar, para aplaudir e ser aplaudido. Esse é o feedback necessário. Sem isso não faria sentido qualquer forma de expressão.

Obrigado!



Vanessa da Mata - "Meu Aniversário"

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sábado, 8 de setembro de 2012

O menino que carregava água na peneira

(Manoel de Barros)


"Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira

Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos."

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Murar o Medo – Mia Couto


“O medo foi um dos meus primeiros mestres. Antes de ganhar confiança em celestiais criaturas aprendi a temer monstros, fantasmas e demónios. Os anjos, quando chegaram, já era para me guardarem. Os anjos actuavam como uma espécie de agentes de segurança privada das almas. Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferença entre sentimento e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinaram a recear os desconhecidos. Na realidade a maior parte daviolência contra as crianças sempre foi praticada, não por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Os fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que estamos mais seguros em ambiente que reconhecemos. Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria mais protegido apenas por não me aventurar para além da fronteira da minha língua, da minha cultura, do meu território. O medo foi afinal o mestre que mais me fez desaprender…

...Citarei Eduardo Galeano acerca disso que é o medo global: "Os que trabalham têm medo de perder o trabalho. Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho. Quem não têm medo da fome, têm medo da comida. Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras." E, se calhar, acrescento agora eu, há quem tenha medo que o medo acabe."
Mia Couto



Conferências do Estoril 2011 - Mia Couto

Importante evento no qual foram debatidos temas
como a arquitetura da governanção global,
à crise financeira e às suas consequências, passando pela segurança humana.
Para saber mais, acessewww.conferenciasdoestoril.com

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Solidão



Aproximo-me da noite
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espesso

Esta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírio

É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou

Mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna

Longe
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

terça-feira, 31 de julho de 2012

Saudades de Antonio Brasileiro




Na capa, ele acende um charuto, seu derradeiro prazer de fumante. No encarte, Ipanema resplandece, com o Morro Dois Irmãos ao fundo, tendo ao lado uma epígrafe de Antoine de Saint-Exupéry ("L'essentiel est invisible. On ne voit qu'avec le cœur"), complementada, no outro extremo do encarte, por uma citação de Guimarães Rosa: "O resto era o calado das pedras, das plantas bravas que crescem tão demorosas, e do céu e do chão, em seus lugares". No miolo, uma série de imagens que evocam nossa exuberante natureza (elementos de flora, fauna e indígenas) e fotos de objetos pessoais e emblemáticos do maestro: seu chapéu Panamá, óculos, piano, lente de aumento, dicionário - a iconografia justa (projeto gráfico de Ana Jobim e Marcos Martins, fotos de Ana Jobim) para um CD que pretendia ser um perfil do maestro, uma repassada em sua obra, e tornou-se, inconscientemente, uma despedida.

Em Antonio Brasileiro, Tom retoma temas do passado ("Insensatez", "Só danço samba", "Surfboard", "Chora coração", na voz de Paula Morelenbaum), reverencia alguns de seus heróis (Radamés, Bandeira, Pelé), cerca-se de amigos e parceiros (Caymmi, Ron Carter, Sting) e estabelece um recorde de familiares à sua volta, acrescentando aos da Banda Nova o neto Daniel e a filha Maria Luiza. Daniel, então com 21 anos, produziu o disco com seu pai, Paulo, e pilotou os teclados em duas faixas. Maria Luiza, então com sete anos, cantou a duas vozes com o pai um samba inspirado no seu "cabelo amarelo" e nos seus "olhos cor de chuchu", singelamente intitulado "Samba de Maria Luiza".

Ao todo, 12 músicas do Antonio Brasileiro, dois originais de Caymmi ("Maracangalha" e a recentíssima "Maricotinha"), mais a versão ("Blue Train") que Tom fez para "Trem azul", de Lô Borges e Ronaldo Bastos. Além do "Samba de Maria Luiza", eram inéditos em disco, na interpretação de Tom, o cinematográfico "Pato preto", a telenovelística "Querida" (que nunca fora gravada por inteiro), o ecológico "Forever green" (que deixara de ser gravada no disco do concerto da Rio Eco-92 por falta de condições técnicas), o carnavalesco "Piano na Mangueira", o onomatopaico "Trem de Ferro" (sobre o poema de Bandeira, antes só interpretado por Olivia Hime) e os choros "Meu amigo Radamés", originalmente composta em 1985, e "Radamés y Pelé". O trecho final dos violinos de "Meu amigo Radamés" foi a última coisa que Tom pôs num pentagrama. As cordas já estavam prontas no estúdio, quando ele chegou com a parte que escrevera em casa, na noite anterior.

Com o reforço de oito violinos, duas violas, dois cellos, duas trompas, mais o Flügelhorn de Marcio Montarroyos, o clarinete de Edu Morelenbaum, a guitarra de Pedro Sá, a percussão de Duduka da Fonseca e os trombones de Raul de Souza e Vitor S. Silva Santos, acabou resultando num dos discos mais instrumentais que Tom gravou no Brasil. E num sucesso póstumo, timbrado por um Disco de Ouro e um Grammy.

"Nesse tão variado e múltiplo Antonio Brasileiro", escreveu Caetano Veloso no press release do CD, "Jobim mostra acima de tudo sua generosidade. Os cuidados tímbricos e o bom gosto das linhas, assim como o imaginoso das composições, asseguram que o sol da nossa música está na potência total de sua luminosidade. Ele não nos dá apenas suas canções e seus sons. Ele prova ser excelente reprodutor biológico, trazendo ao mundo filhos e netos que por sua vez produzem boa música, inclusive junto com ele. É amor e talento. O amor de que o coração de Tom Jobim é o maior repositório: o amor pela música, pelos homens humanos e pela travessia do Brasil".


Texto do site do compositor:


domingo, 27 de maio de 2012

A grande reforma urbana e as transformações culturais do Rio de Janeiro do início do século XX


Prefeito Pereira Passos
Pintura de Eliseu Visconti
Com o surgimento da República e dos ideais positivistas de ordem e de progresso, surge também uma elite burguesa forte e desejosa de uma modernidade com inspirações na Belle Époque francesa. A capital da República precisava se modernizar, perder de vez aquele aspecto colonial que tanto asco provocava nos homens que agora freqüentavam o centro da cidade, quer por seus negócios, quer pelo desfile da moda ou do comércio e do flanar despreocupado. Essas práticas requeriam, de fato, uma cidade urbanizada e limpa, de preferência, nos moldes parisienses.

A chamada Regeneração é a série de medidas tomadas pelo governo federal e municipal que pôs em prática esse desejo burguês: a necessidade de refazer a cidade. O prefeito Pereira Passos representou a principal figura dessa reforma que alijou de suas casas e de seus ambientes muitos habitantes, em sua grande maioria, pobres, negros e mestiços, que sem opção, acabaram por ocupar os morros mais próximos, formando o que viria ser as favelas ou mudando-se para os subúrbios, à época, regiões rurais, sem a mínima urbanidade. Como disse o médico e escritor Afrânio Peixoto: “os sertões do Brasil começavam quando terminava a Avenida Central, portanto, na periferia da cidade do Rio de Janeiro, capital da República” (Lima e Hochman: 1996; p. 37).

Manchete do Jornal do Brasil de 1903

O quadro urbano carioca do início do século XX apresentava-se, de fato, caótico e sem condições de atender às demandas dos empresários comerciantes, europeus que vinham à cidade em busca de novos negócios. O antigo cais não era capaz de atender aos grandes navios que não conseguiam atracar; as ruas estreitas e tortuosas dificultavam as conexões com o porto, os terminais ferroviários e os armazéns e estabelecimentos comerciais; as regiões pantanosas resultavam em todo tipo de doença contagiosa, como o tifo, a varíola, a febre amarela entre outras. Esse quadro, naturalmente, espantava os europeus que, receosos, recuavam ante a esses riscos. A política de embelezamento e racionalidade consistia em abrir novas e largas avenidas, na derrubada de prédios velhos, os chamados cortiços, na limpeza e no saneamento das ruas do Centro.

Morro da Providência: Anos 20
(morro da favela)

Desse modo, a população pobre foi obrigada a se mudar para as periferias, como as das regiões da Praça Onze e da Cidade Nova, como também a ocupar os morros próximos, como os da Conceição, no bairro da Saúde e da Providência (morro da Favela), na Gamboa. A política urbanizadora do Prefeito Pereira Passos, inicia-se em 1902 e segue até 1906, a qual foi conhecida popularmente por "Bota abaixo". 


Av. Central (antes)
Detalhe do Morro do Castelo
(acima, à esquerda),
posteriormente removido

 O marco inicial das práticas de regeneração da cidade foi a inauguração da Avenida Central e a promulgação da lei da vacina obrigatória em 1903. Junto à reforma urbana, foram realizadas as campanhas de higienização da cidade. Uma dessas campanhas foi a de extermínio dos ratos. Oswaldo Cruz determinou uma radical desratização e, para isso, organizou uma brigada composta por todo aquele que quisesse participar. Cada um dos participantes deveria apresentar cinco ratos mortos por dia. Os que trouxessem mais que este número eram gratificados por 300 réis por cabeça (Diniz: 2007; p.18).

Av. Central (depois)
 Nessa reforma, eram destruídos os casarões coloniais, considerados antros de sujeira e desordem, transformados em cortiços, onde se apertava boa parte da gente pobre da cidade. Em seu lugar, grandes avenidas, praças e jardins, tudo inspirado no modelo francês. Antes mesmo da grande reforma, observa-se que a República, recém chegada, apresentava como uma de suas características a prevenção contra pobres e negros, “prevenção esta que se evidencia principalmente na forte repressão aos capoeiras, levada a efeito em 1890 e na destruição (não sem violenta reação popular) em janeiro de 1893, pelo prefeito Bento Ribeiro, do “Cabeça de Porco”, o mais famoso cortiço do Rio de Janeiro, localizado na atual rua Barão de São Félix, nas fraldas do Morro da Providência, nos terrenos em parte cortados hoje pelo túnel João Ricardo, e que abrigava, à época de sua demolição, cerca de 1.000 pessoas” (Lopes: 1992; p. 5).

Em resumo, o plano urbanístico visava a remodelação do porto da cidade e das áreas próximas, facilitando seu acesso aos ramais da Central do Brasil e da Leopoldina; a abertura da avenida Rodrigues Alves e da avenida Central (atual Rio Branco) que cortaria o centro comercial e financeiro que seria também recons- truído e remodelado; melhoria do acesso à Zona Sul, que se tornaria definitivamente a região ocupada pelos mais abastados da cidade, com a construção da avenida Beira-Mar; e a reforma do acesso à Zona Norte com a abertura da avenida Mem de Sá e com o alargamento das ruas Frei Caneca e Estácio de Sá. Além disso, alargamentos de várias ruas e pavimentação e ampliação dos serviços urbanos como o dos transportes. O combate às epidemias, executado sob a liderança do Dr. Oswaldo Cruz, também marcaria profundamente essa fase (Moura: 1983; pp. 30-31).

Era preciso mudar não somente a estética arquitetônica da cidade, mas os hábitos de sua gente. Portanto, costumes ligados ao modo da sociedade tradicional do século passado, elementos de cultura popular, a boemia, o violão e o pandeiro, a capoeira, o batuque e o candomblé, de características africanas, eram
condenados e perseguidos pela polícia. Uma política de expulsão dos grupos populares da área central foi implantada, assim como um “cosmopolitismo agressivo profundamente identificado com a
vida parisiense” (Sevcenko: 1983; p30).

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(Monografia (parte) “SAMBA E MODERNIDADE - O samba como agente transformador na primeira metade do século XX” de 2010, de Francisco de Assis Furriel Gonçalves)

Bibliografia:

DINIZ, André. Almanaque do samba: a história do samba, o que ouvir, o que ler, onde curtir. 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.

LIMA e HOCHMAN. “Condenado pela raça, absolvido pela medicina: O Brasil descoberto pelo movimento sanitarista da Primeira República”. In: MAIO, Marcos Chor (org). Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996 (cap.2)

LOPES, Nei. O negro no Rio de Janeiro e sua tradição musical: partido alto, calango, chula e outras cantorias. Rio de Janeiro: Pallas, 1992.

MOURA, Roberto. Tia Ciata e a pequena África no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1983.

SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na primeira república. SP: Brasiliense, 1983. (cap.1)


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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Um pouco sobre Pixinguinha, Donga e João da Baiana

     “Pixinguinha, João da baiana e Donga formam um trio-ícone da história inicial do samba. O primeiro, cujo nome de batismo é Alfredo da Rocha Vianna Filho, ligado mais ao gênero choro, foi de grande importância por sua genialidade e erudição musical. Até hoje, considerado um dos maiores compositores da música brasileira. Seu Carinhoso de 1917, letrado por Braguinha (João de Barro) em 1937, é cantado e cantarolado por todas as gerações de brasileiros graças ao mega-sucesso na voz de Orlando Silva, na gravação do mesmo ano da letra. Instrumentista genial, influenciou os regionais que apareceriam em profusão. Um dos nomes mais constante é o do flautista Benedito Lacerda, com o qual formou dupla. Jacob do Bandolim é um exemplo de gênio-discípulo do grande mestre. Dentre os sucessos deixados pelo músico estão Os Oito Batutas (c/Benedito Lacerda), tango, 1919; Patrão, prenda seu gado (c/Donga e João da Baiana), chula raiada, 1931; Conversa de crioulo (c/Donga e João da Baiana), samba de partido-alto, 1931; Rosa (c/Otávio de Sousa), valsa-canção, 1937; Um a zero (c/Benedito Lacerda), choro, 1949; Lamento (c/Vinícius de Morais), choro, 1962. Todas essas músicas e muitas outras marcam a sua trajetória.

     João da Baiana (João Machado Guedes), filho de baianos, foi um grande ritmista, tendo desenvolvido este talento desde pequeno junto à comunidade baiana da qual fazia parte. Sua primeira composição é de 1923: Pelo amor da mulata. Outras composições marcantes são Cabide de molambo, Patrão, prenda seu gado, Batuque na cozinha.

     Por último, Donga (Ernesto dos Santos) que era filho da baiana Amélia e, como João da baiana, também foi criado em meio às festas e tradições da citada comunidade. Mais que uma história de repertório que, aliás, não foi muito extensa, a importância de Donga está associada à modernização do samba, cuja profissionalização tomou impulso a partir do registro e da gravação de “Pelo telefone”. Fez parte junto com Pixinguinha dos Oito Batutas, tendo excursionado para Argentina e Europa, depois da consagração carioca. Outras composições de Donga: Bamba-bambu, Passarinho bateu asas, Macumba de Oxossi (Diniz: 2006)."



O trio (Donga, Pixinguinha e João da Baiana) em depoimento ao Museu da Imagem e do Som,
no final dos anos 60. (Foto de autor desconhecido)


 (Monografia (parte) “SAMBA E MODERNIDADE - O samba como agente transformador na primeira metade do século XX” de 2010, de Francisco de Assis Furriel Gonçalves)