terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

                                  De Primeiros cantos (1847)

                                                                Gonçalves Dias

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2 comentários:

  1. "Não permita Deus que eu morra,
    Sem que eu volte para lá;
    Sem que disfrute os primores
    Que não encontro por cá;
    Sem qu'inda aviste as palmeiras,
    Onde canta o Sabiá. "

    Acho que esses versos exprimem o que a alma do nosso país representa. Os outros são tentativas, embora os autores tenham nome, mas.....

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  2. Concordo, Nelson!

    Por isso é a referência para todos os outros. Apesar de ser o primeiro, não seria referência se não fosse tão profundo e marcante!

    Abraço amigo!

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