sábado, 19 de novembro de 2011

Rebento

(Gilberto Gil)


Rebento, substantivo abstrato
O ato, a criação, o seu momento
Como uma estrela nova e o seu barato
Que só Deus sabe lá no firmamento

Rebento, tudo que nasce é rebento
Tudo que brota, que vinga, que medra
Rebento raro como flor na pedra
Rebento farto como trigo ao vento

Outras vezes rebento simplesmente
No presente do indicativo
Como a corrente de um cão furioso
Como as mãos de um lavrador ativo

Às vezes mesmo perigosamente
Como acidente em forno radioativo
Às vezes, só porque fico nervoso
Às vezes, somente porque eu estou vivo

Rebento, a reação imediata
A cada sensação de abatimento
Rebento, o coração dizendo: "Bata"
A cada bofetão do sofrimento
Rebento, esse trovão dentro da mata
E a imensidão do som
E a imensidão do som
E a imensidão do som desse momento


Do disco Realce de 1979

.

3 comentários:

  1. As vezes eu fico pensando que o Gil fez esta música pra mim! :)
    Bjs.

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  2. Que bom!

    Acho, Fátima, que os compositores e poetas resumem com sua sensibilidade especial o "espírito humano" geral e é por isso que muitas belezas que lemos e ouvimos nos tocam do mesmo modo, especialmente.

    Resolvi postá-la, pois acho que Gil quiz dizer e diz muito com ela. É linda, linda!

    Eu também acho que ele a fez pra ti.

    Bjs.

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  3. Assis,

    Linda canção. Eu não a conhecia.


    ..."Rebento, esse trovão dentro da mata
    E a imensidão do som
    E a imensidão do som
    E a imensidão do som desse momento"...


    Bela escolha (como sempre).
    bjs!!!

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