sábado, 1 de outubro de 2011

Matança

                                                                (do poeta Jatobá)

Cipó caboclo tá subindo na virola
Chegou a hora do pinheiro balançar
Sentir o cheiro do mato da imburana
Descansar morrer de sono na sombra da barriguda
De nada vale tanto esforço do meu canto
Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
Tal mata Atlântica e a próxima Amazônica
Arvoredos seculares impossível replantar
Que triste sina teve cedro nosso primo
Desde de menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete mesa cadeira balcão de bar
Quem por acaso ouviu falar da sucupira
Parece até mentira que o jacarandá
Antes de virar poltrona porta armário
Mora no dicionário vida eterna milenar

Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde da sombra, o ar
Que se respira e a clorofila
Das matas virgens destruídas vão lembrar
Que quando chegar a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar é

Caviúna, cerejeira, baraúna
Imbuia, pau-d'arco, solva
Juazeiro e jatobá
Gonçalo-alves, paraíba, itaúba
Louro, ipê, paracaúba
Peroba, massaranduba
Carvalho, mogno, canela, imbuzeiro
Catuaba, janaúba, aroeira, araribá
Pau-fero, anjico amargoso, gameleira
Andiroba, copaíba, pau-brasil, jequitibá


Gravada por Xangai no antológico LP "Cantoria", de 1984, no qual dividia o palco com Geraldo Azevedo, Vital Farias e Elomar. Um verdadeiro hino de defesa das matas brasileiras.


  1. Desafio Do Auto Da Catingueira
  2. Novena
  3. Sete Cantigas Para Voar
  4. Cantiga Do Boi Incantado
  5. Kukukaya
  6. Ai Que Saudade De Ocê
  7. Ai D´eu Sodade
  8. Semente De Adão
  9. Cantiga Do Estradar
  10. Violêro
  11. Saga Da Amazônia
  12. Matança
  13. Cantiga De Amigo

Xangai ao vivo


Nenhum comentário:

Postar um comentário