quinta-feira, 31 de julho de 2014

Morena dos olhos d'agua

Muitos importantes compositores da música popular brasileira fizeram escola, inspirando muitos outros artistas ao longo do tempo, sobretudo, a geração da chamada época de ouro dos anos 30 e 40. Um exemplo especial é Dorival Caymmi. O compositor baiano que cantou a sua terra com tanta presença e genialidade influenciou uma série de outros importantes compositores que beberam de sua fonte. Suas "Canções Praieiras", nome de seu disco de 1954, no qual constam A jangada voltou só, Canoeiro,Bem do mar, O mar, Suíte dos pescadores e É doce morrer no mar entre outras canções, falam bem disso. 

Vários compositores de gerações posteriores confessaram essa influência em depoimentos e em músicas. Morena dos olhos d'agua, de 1966, de Chico Buarque de Hollanda confirma essa ideia. Pode ser até que ele não tenha pensado nisso quando a compôs, mas a opinião desse blogueiro que vos escreve é a de que a homenagem é verdadeira. Chico tem outras, como Januária, de 1967 que também traz uma cena típica das músicas de praia de Dorival: "Ela faz que não dá conta de sua graça tão singela/ O pessoal se desaponta/ vai pro mar/ Levanta vela".  

Uma vez, comentando com uma amiga sobre a música do Chico e sua possível inspiração em Dorival, disse que achava que possivelmente o baiano estivesse ali inserido pelo grande e iniciante Chico e que ela, assim como "Januária" e talvez outras mais, fossem de inspiração praiana que a obra do Dorival marcou no imaginário da música popular brasileira. Essa bem poderia ter sido uma composição do próprio Caymmi". 



Assis Furriel canta Morena dos olhos d'agua

Morena dos olhos d'água
Tira os seus olhos do mar
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar

Descansa em meu pobre peito
Que jamais enfrenta o mar
Mas que tem abraço estreito, morena
Com jeito de lhe agradar
Vem ouvir lindas histórias
Que por seu amor sonhei
Vem saber quantas vitórias, morena
Por mares que só eu sei

O seu homem foi-se embora
Prometendo voltar já
Mas as ondas não têm hora, morena
De partir ou de voltar
Passa a vela e vai-se embora
Passa o tempo e vai também
Mas meu canto ainda lhe implora, morena
Agora, morena, vem 


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