Dizem que num carnaval distante, lá pelos lados da Grécia antiga, três amigos queridos resolveram cair na folia. Hipotenusa e catetos, ligados desde sua criação por antigo filósofo matemático, largaram mão do triângulo quadrado que formavam e saíram a cantar e a dançar, alegres e saltitantes em busca de novas sensações.
Os catetos (apaixonados que eram pela musa) resolveram lutar, cada qual, pelo amor impossível. Ambos, de características distintas (um era tímido e romântico, o outro, malandro e esperto), viam na indecisão da amada um grande desafio a vencer. Hipotenusa não sabia qual escolher. Acostumada aos dois, sempre ligados, cada qual por uma das mãos, só pensava em brincar a festa.
A paixão - ainda não platônica, pois eram tempos mais antigos - logo se mostrou impossível. Como poderiam abrir mão da missão que lhes foi confiada? Em pouco tempo, um grande alvoroço por parte dos cidadãos revelou o escândalo que ganhou mundo. Depois de tanto tentarem, perceberam que o destino os uniu num triângulo retângulo amoroso, sem o qual a trigonometria não seria possível. O meio científico, desde então, disposto a poupá-los da vergonha romântica, definiu-os, elevando-os ao quadrado, por c² = a²+b². A bela seria, então, igual à soma dos dois pretendentes.
Contam que séculos mais tarde, no início da era moderna, foram vistos nos bailes carnavalescos da commedia dell’arte tentando novamente uma definição para aquele imbróglio. Para fugirem dos olhares críticos da sociedade, esconderam-se por trás de máscaras, sob os pseudônimos Colombina, Arlequim e Pierrot.
Assim, são vistos até hoje nos dias de Momo!
Por Assis Furriel
Inspirado no poema de Eliana Pichinine: